"Até mesmo o silêncio é um texto."

domingo, 28 de dezembro de 2008

Rave.

- Gian Marelli! - exclamou o professor louco de português, enquanto ia entregando os trabalhos para os alunos que já haviam sido chamados e iam até a mesa dele para pegá-los. Levantei e caminhei tranqüilo até a sua mesa.

Peguei a folha. Ele disse, sorrindo:

- Muito bom, Gian!

Olhei para ele, sorri com modéstia.

- Obrigado.

- Muito bom, legal mesmo cara! - ele enfatizou.

Mantive o sorriso. Olhei para a classe: mais ou menos trinta alunos me fitando. Uns sorriam, outros estavam sérios. Reconhecimento. Admiração.

- Obrigado!

E caminhei até o meu lugar, o peito inflado. O sorriso simples, mas completo.

“Desta vez era para ir à uma rave em Lomba Grande, e eu nunca havia estado em uma rave.

Eram conhecidas de não-sei-quem e estavam ali para ir pro mesmo lugar que nós. Depois de mais duas cervejas ouvindo aquele papinho, embarquei no carro e partimos.

(A última frase foi sublinhada em vermelho pelo professor. Do lado esquerdo da margem estava escrito, no mesmo vermelho: “muito bom”!

“Acabaram os cigarros e o sono veio até mim com aquela conversinha agradável e relaxante.

Convenci-os a ir embora e, pisando na lama, fomos para o carro.

Entretanto, eu desconfiava que talvez não viesse a cumprir a promessa”.


11/11/08

4 comentários:

Gabi disse...

agnt sempre promete mas sempre acaba se metendo novamente hahaha
bjo
feliz 2009

Raf. disse...

minha prof de geografia fez pior, ela pegou meu trabalho e foi la na frente da turma e falou ate não querer mais ¬¬

Palavrador disse...

Rapaz, você realmente sabe contar uma estória. Poucos tem esse talendo, e você está seguindo o caminho certo. Gostei muito da relação que fizestes entre situação em que o texto foi escrito(para a aula de português) e a o texto em si, a situação vivida, a transposição de uma experiência em palavras.

Em relação ao que retratastes no texto, tive uma identificação muito grande com a situação. Foram várias, e várias vezes as quais saí e não me senti bem num lugar, como se fosse um ser anômalo aí. Minha solução não é muito diferente da que narrastes.

E como nem tudo são flores, acho que, às vezes, vc poderia ¨secar¨ um pouco o texto, tirando passagens que, na minha opinião, ficaram supérfluas e estranhas a narrativa, como ¨...que uma criança certamente não ia apreciar”. Creio que o seu leitor já saiba do que se trata, a metáfora soa meio inútil. Mas é o seu jeito de escrever, quem sou eu para censurá-lo.

Continue escrevendo que continuarei lhe visitando...

Abraços.

Aline Fernanda S. ferreira disse...

São incontáveis as vezes que passei por situações parecidas.
É uma das piores sensações que existem: "Aqui não é o meu lugar".
Parabéns pelo texto.
E obrigada pela visita!
Beijos